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terça-feira, 20 de setembro de 2011

sentimentalidades




Enquanto todos a sua volta comentavam
sobre suas sentimentalidades
ela friamente analisava
o conteúdo das amenidades
como sombra de uma arvore retorquida
sem folhares e nem  sombras
sentia-se ela de emoções desprovida
visto que todos a sua volta
ora riam
ora choravam
analizava ela  friamente
o conteúdo do assunto a sua volta
respira pausadamente
enquanto todos esquecem de sua presença
prisioneiros de suas sentimentalidades.
Entrega-se ela ao devaneio
que somente uma mente infantil pode conceber
de brincadeiras e fantasias
esquecendo-se que é preciso crescer.
A felicidade de todos os presentes
contrastava com sua sobriedade
mesmo sendo ela a homenageada
mesmo sendo dela a noite inteira
não se conformava ela
seu desejo era desaparecer da vista de todos
deixando-os com seus planos secretos
ou mesmo com seu futuro decidido a  revelia
sem direito de opinar
o que era de fato
o que mais a oprimia.
Sentimentalidades
perguntava-se ela a todo instante
que porcaria fazia ali plantada
feito visgo natalino
na noite dezembrina
que todos a procuravam
que todos beijavam.
risos e caretas de falsidade
após cada beijo
cada abraço
desejos de felicidade.
Não eram pois capazes de perceber
o que se ia ao fundo de sua alma
que  ja não suportava ela
comentários de esgue irosos
de sua fingida calma.
Assim a noite atravessava
todas as batidas do relógio
rumo ao amanhecer
enquanto sua festa se esvaziava
ela deixava rolar discreta lagrima
pois morria nessa noite a menina criança
que acalentara no peito
nascia nessa hora negra de sua alma
a menina mulher.
Depois dessa noite e da derradeira dança
da vida e da morte
ambas bailando em suas fantasias
beirando a psicopatia
nos braços carinhosos de seu pai
valsava
e ao encanto da noite se rendia
ela ainda viveria
sobreviveria aos quinze anos
ela ainda em sua vida reinaria
apesar dos planos urdidos na escuridão dos alcovês
ela de posse do seu destino
apesar de todos os temores
seria ainda ela  senhora de si.
Do alto de sua juventude
se renderia um dia também a sentimentalidades
mas vestida de sua armadura alva da inocência
não sucumbiria a criança no seu ser
a trama indizível das vaidades
nem arranharia ela o seu escudo
nas garras das maldades
pois ainda que hoje se tornasse
menina mulher em essência
carregaria na alma
a pureza da inocência.










Um comentário:

Olinda Morgado disse...

A crueza e o encanto da esperança, moldando a vida.
Belo poema!